59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

GESTAÇÃO GEMELAR COM MOLA HIDATIFORME COMPLETA E FETO VIÁVEL

CONTEXTO

A mola hidatiforme (MH) é uma doença caracterizada pela proliferação anormal do trofoblasto e possui potencial de invasão uterina e metastização. MH completas são diploides, tipicamente produzem altos níveis de hCG (gonadotrofina coriônica humana) e no Reino Unido, sua incidência é de 1 a cada 1000 gestações. Principais fatores de risco para MH são idade materna (<=15 e > 35 anos) e história de MH prévia. Sangramento, dor pélvica, aumento uterino e hiperêmese gravídica são sintomas comuns à apresentação. Gestações gemelares com mola hidatiforme e feto viável concomitantes são um evento raro: 1 em cada 20 a 100mil gestações.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

FS, 23 anos, primigesta, hígida, idade gestacional de 21 semanas, procurou emergência obstétrica por sangramento. Ao exame apresentava hiperêmese e sangramento vaginal discreto. Exames laboratoriais: B-hCG 639.540 mUI/mL, TSH 0,022 µIU/mL, T4 1,06 ng/dL. Ultrassonografia evidenciou massa placentária espessada (7,4 cm), heterogênea, com imagens vesiculares de permeio compatível com mola, sugerindo quadro de gestação molar completa coexistindo com gestação viável. Realizada amniocentese genética do feto viável, cujo resultado foi 46 XX. Paciente apresentou trabalho de parto prematuro espontâneo, com nascimento de feto feminino, 400g, Apgar 1/1, evoluindo para óbito 20 minutos após o nascimento. Concomitantemente, apresentou eliminação de grande quantidade de tecido vesicular e foi submetida a esvaziamento uterino. Análise anatomopatológica do material confirmou mola hidatiforme completa. Recebeu alta 2 dias após esvaziamento uterino, com B-hCG de 20.343 mUI/mL, índice proteinúria/creatinúria de 0,54mg/dL, US de abdômen e radiografia de tórax normais. Apresentou queda progressiva dos níveis de B-hCG e negativação 10 semanas após alta hospitalar. Segue em acompanhamento.

COMENTÁRIOS

Apesar de rara, a incidência de MH concomitante com feto viável deve crescer com o aumento das induções da ovulação e gestações múltiplas. Pacientes devem ser advertidas quanto aos riscos: pré-eclâmpsia, sangramento, tireotoxicose, parto pré-termo e neoplasia trofoblástica gestacional. Um estudo retrospectivo que revisou 62 casos de gestações gemelares com MH completa concomitante a feto viável que optaram por não interromper a gestação, demonstrou uma prevalência de 58% de nascimentos de fetos vivos, 65% de complicações maternas e 46% de neoplasia trofoblástica gestacional. Dessa forma, destaca-se a importância de seguimento cuidadoso em tais gestações.

PALAVRA CHAVE

Mola Hidatiforme

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco

Autores

Mariana Schmidt Vieira, Amanda Roepke Tiedje, Louise Beni Staudt de Siqueira, Marilin Lehmkuhl De Sa Muller Sens, Jéssica Goedert Pereira , Karine Souza Da Correggio, Alberto Trapani Junior

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