59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação gemelar monocoriônica monoamniótica: Acardia fetal e estrangulamento de cordão umbilical.

CONTEXTO

A incidência de gemelaridade monocoriônica é de 1:250 gestações, sendo a acardia fetal uma das condições mais raras, correspondendo a 1%. O desvio de sangue do feto normal para o acárdico levando a uma circulação reversa é o mecanismo fisiopatológico associado. O diagnóstico pode ser realizado pela ultrassonografia de 1º trimestre. O gêmeo normal, também chamado, feto bomba pode sofrer complicações como insuficiência cardíaca, hidropisia, restrição de crescimento e óbito fetal.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

D.M.S, 27 anos, gesta 3 para 2 (2 cesarianas). Internada na Unidade Materno Fetal com Idade Gestacional compatível com 27 semanas e 4 dias em função da redução de movimentação fetal e diagnóstico de COVID-19. Hipertensa crônica sem medicações e obesa grau 3. Ultrassonografia da admissão com peso fetal estimado de 936 gramas (percentil 50), normodramina, morfologia do feto bomba normal. Identificada imagem hipoecóica, centro anecóico, áreas de calcificação e sem vascularização na cavidade amniótica, próxima ao fundo uterino medindo 4 x 3 sugestiva de feto acárdico. Com 27 semanas e 4 dias foi diagnosticado óbito fetal. Iniciada indução por método de Krause e realizado parto vaginal com os cuidados adequados em função da infecção pelo COVID-19. Natimorto enviado a necropsia, que confirmou feto acárdico e óbito do feto bomba por estrangulamento do cordão umbilical e alterações de hipoperfusão vascular fetal na placenta.

COMENTÁRIOS

As causas principais de mortalidade em gestações monocoriônicas são o entrelaçamento de cordões umbilicais, anomalias congênitas, prematuridade, síndrome de transfusão feto-fetal e prematuridade. O entrelaçamento de cordões pode ocorrer em 48 a 71% das gestações, podendo ser responsável por até 80% dos óbitos fetais. A síndrome de acardia fetal é um evento raro em gestações múltiplas monocoriônicas, onde o diagnóstico precoce é fundamental para adequado seguimento e, se necessário, indicação de tratamento intra-útero. Os riscos para o feto saudável devem ser sempre esclarecidos para a gestante. Pela raridade dessa condição, e pelo elevado risco de complicações é fundamental a vigilância fetal, saber o que fazer quando ocorre o óbito de um gemelar e quando interromper a gestação.

PALAVRA CHAVE

Gestação múltipla, Acardia Fetal, Gestação Monocoriônica Monoamniótica, Estrangulamento de Cordão Umbilical

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco

Autores

Anna Terra de Melo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Maria Clara Araújo Marques, Carolina Carvalo Mocarzel, Haydee Castro Neves dos Santos, Ana Paula Rodrigues Melo, Juliana Silva Esteves, Elyzabeth Avva Portari

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