59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: TROMBOFLEBITE PÉLVICA SÉPTICA PUERPERAL

CONTEXTO

Na gestação, o risco de doenças tromboembólicas aumenta de 5 a 10 vezes, podendo chegar a 20 vezes no puerpério. A tromboflebite pélvica séptica (TPS) é uma condição rara cuja incidência é estimada em 0,01- 0,2%, sendo maior o risco após cesáreas, corioamnionite e endometrite. O quadro clínico é inespecífico, cursando com dor abdominal e febre persistente. A ultrassonografia transvaginal (USTV) com doppler, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem auxiliar no diagnóstico, porém frequentemente não há achados nesses exames de imagem, tornando o diagnóstico de exclusão bastante desafiador.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente, 36 anos, G2P0A1, gestante a termo com hipertensão gestacional, dor abdominal e taquicardia fetal persistente, evoluiu para cesariana, na qual se observou hipertemia dos órgãos pélvicos. No 3º dia de puerpério, apresentou dor abdominal importante associada à marcha claudicante. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose com desvio à esquerda, iniciado antibioticoterapia com gentamicina e ampicilina. No 5º dia de internação, a paciente permaneceu com dor abdominal e involução uterina inadequada. O USTV mostrou conteúdo heterogêneo na cavidade endometrial, sugestivo de restos placentários. Foi realizada curetagem cujo exame anatomopatológico não evidenciou restos. A hemocultura colhida foi positiva para Staphylococcus aureus, com a troca do antibiótico para oxacilina no 6º dia de internação. A paciente evoluiu com pouca melhora clínica e no 7º dia de oxacilina apresentou novo episódio febril. No 10º dia pós-parto foi realizado USTV com doppler que mostrou aumento do diâmetro das artérias e veias hipogástricas bilaterais, sugestivo de tromboflebite pélvica. Iniciada enoxaparina em dose terapêutica, com melhora importante do quadro clínico. No 18º dia pós-parto, evoluiu com edema de membros inferiores indolor à palpação, sendo encaminhada para cirurgia vascular. O US doppler de membro inferior esquerdo mostrou trombose aguda oclusiva de trajeto curto em veia solear de plexo lateral esquerdo, sendo adicionada varfarina. A paciente apresentou melhora clínica, recebeu alta hospitalar em boas condições, mantendo acompanhamento com a cirurgia vascular e obstetrícia.

COMENTÁRIOS

A TPS deve ser suspeitada em pacientes que apresentem febre persistente, apesar do uso de antibióticos, na ausência de abscessos após o parto. Assim, iniciar anticoagulação plena diante do diagnóstico presuntivo de TPS é de fundamental importância para o prognóstico dessas pacientes.

PALAVRA CHAVE

Tromboflebite, Pélvica, Puerpério, Anticoagulante

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco

Autores

CATHARINA MARIA FACCIOLLI BLUM, Luciana Carla Belém dos Santos, Brenda Irla Soares Santos, Isabella Moreira Dias, Luís Victor Moraes de Moura, Larissa Maciel Ribeiro, Cristiane Henriques Soares de Paiva Lopes

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