Dados do Trabalho

TÍTULO

TUMOR TROFOBLÁSTICO DE SÍTIO PLACENTÁRIO COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ABORTO INFECTADO

CONTEXTO

O tumor trofoblástico do sítio placentário é um tipo raro de doença trofoblástica gestacional (DTG) com crescimento lento, podendo se desenvolver de meses a anos após uma gestação normal ou aborto. Ele costuma se caracterizar por níveis séricos baixos de hCG e comportamento agressivo, uma vez que quase 30% das pacientes apresentam metástases no momento do diagnóstico. Quando o sistema imune está comprometido, um dos controles da oncogênese fica ausente, facilitando a disseminação.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Mulher de 37 anos, G3P2C1, hipertensa crônica, soropositiva diagnosticada há 20 anos, sem tratamento há 5 anos, neuropatia periférica secundária ao HIV em membros inferiores. Após iniciado pré-natal, suspeitou-se de DTG em exame de imagem do dia 02/04/2020 e foi encaminhada para avaliação em serviço de referência na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Apresentava útero aumentado de volume ao exame físico, sem alterações ao exame especular e colo uterino fechado ao toque. hCG inicial de 103,2 mUI/mL e ecografia transvaginal com útero de volume de 500 cm³, com paredes afiladas, com irregularidades na região do fundo, bem como cavidade distendida por material líquido hipoecoide heterogêneo, com ecos/sedimentos em suspensão, apresentando algumas estruturas ecogênicas alongadas de permeio. Após, realizou duas aspirações manuais uterinas, com persistência de achados ecográficos e saída de material purulento em ambos procedimentos, bem como antibioticoterapia endovenosa. Optou-se, por fim, pela histerectomia simples subtotal, com hCG negativo após. O resultado do anatomopatológico da peça cirúrgica apresentou como resultado tumor trofoblástico do sítio placentário pelo anatomopatológico e imuno-histoquímica.

COMENTÁRIOS

O tratamento primário do tumor trofoblástico de sítio placentário é a histerectomia, seguindo de investigação quanto à metástase a distância. Seu diagnóstico é de exclusão e ainda de difícil caracterização. Neste caso, a imunossupressão favoreceu não só o próprio processo oncogênico com deficiência do sistema imune em combater as células tumorais, mas também favoreceu o processo infeccioso, mimetizando quadro de aborto infectado.